quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Dietas e sopas da mãe



Devia ser proibido, a quem faz dieta, ir passar férias a casa da mãe!

É que a mãe cozinha bem. A mãe cozinha sempre melhor do que nós e cozinha melhor do que qualquer chef cuja maravilhosa paparoca tenhamos algum dia provado. Vemo-nos a mãos com muito mais trabalho do que em nossa casa, porque a família é grande e parece agigantar-se nas férias, quando todos se reunem em torno da mesa familiar. Mas a isto se resume a nossa adultez: ao trabalho de pôr e levantar a mesa, lavar louça e repô-la no descanso das prateleiras enquanto aguarda a hora de saltar de novo para cima da toalha alva que a sobrinhada se encarrega de sujar ao fim de dois minutos com alimentos que não vencem a imperícia dos mais novos, ou o experimentalismo dos mais velhos.

Quando pegamos no talher, para comer, regressamos à infância. Tudo nos sabe como quando éramos meninos e até a insuportável sopa infantil nos sabe ao mais divino manjar. Tudo seria de facto divino, não fosse a circunstância de a mãe regressar connosco à infância, invectivando-nos a comer, porque a nossa vida é muito cansativa, porque se não comermos bem não conseguiremos aguentá-la, porque estás magrinha - e nem a constatação de que ter-se sessenta quilos e pouco mais de metro e meio as dissuade de utilizar este argumento. Algo me diz que, embora crescendo, nós e elas, as mães continuam com uma cegueira selectiva que as impede de ver até as evidências.

Tomei uma medida radical: porque a balança não obedece ao desejo a que qualquer homem gostaria de ouvir: "prefiro que me mintas !", peguei nela com raiva, rodei o botão estabilizador de peso e baixei dez quilos à bitola. Peso agora cinquenta quilos! Maravilhoso engano! Fiquei feliz!

Porém, dura pouco a alegria e quando as calças, apertadas, me relembram a mentira e a realidade que fiz por não perceber, caio em desespero, menos pela mentira do que pela conivência de nelas ter consentido!

Nunca o espartilho da alface me soube tão bem !!!

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