sábado, 4 de agosto de 2012

REQUIEM [EM MEMÓRIA]


Eis-me aqui envolto em letargia reconstruindo
em mente, como que num sonho,
risos e lições e abraços e missivas
transcritas em código de sentimentos
                                (lembranças dos nossos entendimentos
                                  que ninguém mais alcança)

E nestes olhos meus aparentando calma, 
nesta presença de quem se encontra
ausente, fervilham memórias em turbilhão aflito
                                (memórias que urge, num incontido
                                 grito, apaziguar lembrando-as em torrente)

Quem sabe quanto tempo durará
a hora, o instante deste pesadelo.
O homem de ontem, hoje evanescente
feto emergente da saudade eu aqui estou
                             (vestígio da criança que já fui pendente da tua mão,
                              na tentativa de acertar em vão, no teu o meu miúdo passo)

O casulo tecido por quem sofre
connosco o mesmo sofrimento, neste momento
é nada

É inevitável ser-se só!

Amadurecer não foi vantagem, não foi vitória
alguma ter crescido, para me sentir assim,

de novo infante aflito a precisar de ti!

Lídia POnti

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