Eis-me aqui envolto em letargia reconstruindo
em mente, como que num sonho,
risos e lições e abraços e missivas
transcritas em código de sentimentos
(lembranças dos nossos entendimentos
que ninguém mais alcança)
E nestes olhos meus aparentando calma,
nesta presença de quem se encontra
ausente, fervilham memórias em turbilhão aflito
(memórias que urge, num incontido
grito, apaziguar lembrando-as em torrente)
Quem sabe quanto tempo durará
a hora, o instante deste pesadelo.
O homem de ontem, hoje evanescente
feto emergente da saudade eu aqui estou
(vestígio da criança que já fui pendente da tua mão,
na tentativa de acertar em vão, no teu o meu miúdo passo)
O casulo tecido por quem sofre
connosco o mesmo sofrimento, neste momento
é nada
É inevitável ser-se só!
Amadurecer não foi vantagem, não foi vitória
alguma ter crescido, para me sentir assim,
de novo infante aflito a precisar de ti!
Lídia POnti
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